Preto básico para uma dama – Eleanor, nome de uma máquina e tanto. Com vocês, um Ford 1967, fastback, zero quilômetro aos 42 anos de idade. Performance invejável, silhueta escultural e um coração valente: 5.7 e 340 cv
Na prática, entenda isso como sentar nos bancos BTS (fabricados pela Rallye Design e assinado pelo próprio Batistinha), virar a chave, engatar primeira na alavanca Hurst e arrancar como se estivesse roubando a caranga de alguém. Você já ouviu a frase “dirija como se tivesse roubado?”. Além de lembrar a história deste filme que mostra furtos de veículos, Eleanor pede uma tocada mais agressiva. Não é do tipo de carro para dar zerinhos ou fazer molecagem, mas, sim, pegar uma estrada com os vidros abertos e tirar onda aproveitando o torcudo 5,7 litros que teve a cilindrada aumentada de seus originais 5.0. O ronco metálico e de responsa se deve ao escape de inox, sem canos dobrados — há apenas seções soldadas, com abafadores Magnaflow, gringos.
Há duas saídas, uma de cada lado, nas saias laterais, estilo dos SVO (Special Vehicle Operations), assinatura da divisão de veículos especiais da marca. Mesmo com cerca de 1.700 kg, que venham os trechos sinuosos, pois a suspensão com sistema coil-over, de rosca, na dianteira, e tri-link, também com regulagem, na traseira, permitem abusar, assim como os freios a discos nas quatro rodas. Não se trata de um carro para track day, mas a diversão é garantida com esses recursos.
O motor zerado desfruta de refrigeração otimizada, com radiador gigante, de alumínio, ar-condicionado ultra-potente e sistema de polias de alumínio para usar uma única correia, Poli-V, como nos motores mais atuais. Além de mais moderno, tudo fica mais confiável, durável. A parte elétrica entrou na mesma dança: tudo novo e moderno. Batistinha confessa que isso é custoso na hora da compra, mas a economia vem na hora da instalação e na eliminação de problemas futuros. Otimizar refrigeração e parte elétrica é como prever o futuro. Depois do carro pronto, caso queira agregar equipamentos, a base estará lá, pronta para receber os “extras”
Lápis e papel na mão – Um bom projeto de carro merece planejamento. E paciência! “O carro foi feito com calma e não tínhamos prazo para terminar. O início da funilaria, com a carroceria sem portas, para-lamas e tampas de motor e porta-malas, levou seis meses! Meu pai (o famoso Sr. Batista) achou que era loucura da minha parte apostar nessa carroceria. Quando a encontramos, bem detonada, ele falou que eu estava louco de pegá-la para restauração. Como sou filho dele, muito do teimoso, bastou essa frase para eu fechar negócio e começar o trabalho”, completa o customizador. Enquanto essa funeca era feita, muitas peças vinham dos Estados Unidos. O painel, por exemplo, foi todo montado lá fora. Instrumentos Auto Meter, da linha carbono, foram inseridos em placas de alumínio billet, sob encomenda e com direito a assinatura com nome do solicitante.
Para os Eleanor, adaptar o kit aero, moldado com tecido de fibra de vidro, é uma das partes mais difíceis. Batistinha é adepto dos kits pré-moldados, parafusados à carroceria e não integrados à ela com massa.
“As peças do kit ficam móveis e não trincam tão facilmente quanto às masseadas. Há quem queira fazer tudo em lata, mas não acho viável”, explica. Viável ou não, a verdade é que, em seu terceiro Eleanor, não entenda mal, amigo leitor, o cara já sabe onde a porca aperta. As dicas estão aí, as carrocerias precisam de uma procura e os custos variam de acordo com a escolha de equipamentos. Lá fora, um Eleanor de verdade custa, em média, mais de US$ 150 mil. Trazendo para nossa realidade é o dobro em reais, sem impostos. É o preço da fama! E mais: este está no país e à venda! Você o quer na sua garagem?